Título: Horas Noturnas;
Autor(a): Bia Carvalho;
Editora: EraEcplise;
Número de Páginas: 200;
Ano de Lançamento: 2014.
Livro no Skoob


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Inglaterra, 1863
Uma bela e delicada mulher com inteligência aguçada para investigação...
Um charmoso caçador de assassinos tornando-se lenda por eliminá-los com requintes de crueldade...
Um assassino que deixa charadas, com sede de sangue e um gosto peculiar por Edgar Allan Poe...
Três almas unidas com diferentes propósitos.
Apenas uma chance de sobreviver...
Quando a noite cai, todas as almas possuem um gosto pela maldade...

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Minha Opinião:

Desde pequena, eu sempre fui muito curiosa com histórias de investigação; não foram à toa, afinal, todos os episódios e filmes do Scooby-Doo a que eu assistia naquela época. Então, seria natural que eu pendesse para os romances policiais em algum momento, já como leitora, só é mesmo uma pena que isso tenha acontecido tanto tempo depois de me apaixonar e entrar de vez no mundo da literatura. Felizmente, porém, a espera valeu a pena, e uma vez dada a oportunidade de leitura de um dos principais romances policiais de Bia Carvalho, tão elogiado por seus romances e tramas investigativas realmente intensas, fico feliz de concluir que estreei com êxito nesse gênero.

Na Inglaterra de 1863, viajamos ao tempo em que as mocinhas vestiam-se com todo o luxo possível, onde o cavalheirismo ainda reinava na sociedade, e onde os casamentos arranjados eram muito comuns, além de ser o sonho de qualquer moça da época. Exceção apenas à Maryanne, então filha de um grande investigador policial, que ao contrário das outras mulheres de sua idade, sonha em integrar de vez à profissão do pai, mas sendo terrivelmente vetada, por ser mulher. Apesar disso, porém, Joseph sempre procurou recorrer ao apoio da filha para decifrar alguns dos grandes casos dos quais ele já tomou conta, até que, no entanto, um assassino começa a destacar-se e a chocar a pequena cidade com uma série de assassinatos à jovens moças. Por outro lado, vem à tona, novamente, um outro assassino que, diferentemente do anterior, busca eliminar os então criminosos, responsáveis por tais atrocidades à vidas inocentes, e por mais que Joseph Lestrange tente ao máximo deixar sua filha longe deste caso em especial, ela, mais do que qualquer um, se sente na necessidade de desmascarar e prender o criminoso. Ela só não esperava que fosse se envolver tanto em uma grande teia de sangue e justiça.

“— Palavras não são como um acidente inevitável. Podemos pensar antes de dizê-las. Até porque elas são irreversíveis. Não há como arrancá-las, principalmente quando partem um coração.”

Em Horas Noturnas, Bia Carvalho conduz o leitor em meio a uma narrativa que já nas primeiras linhas e parágrafos, cativa o leitor e prende sua atenção durante toda a história, desenvolvendo personagens fortes e marcantes em meio a um pesadelo social e policial, levando-nos a sentir as angústias, agonias, tristezas e mesmo empatia por seus protagonistas, que apesar de erros passados, buscam acertar novamente, e possuem uma carga tão palpável e sincera de humanidade. Os primeiros capítulos já haviam me ganhado por completo, mas no decorrer dos acontecimentos e da evolução negativa do caso, a vontade é de não parar a leitura por nada, e uma vez que cada capítulo termina de forma única, chamando pelo próximo, é uma leitura que, eu diria, poderia ser feita em uma única sentada, se, no entanto, não tivesse uma carga psicológica e emocional tão densa e delicada.

Maryanne, nossa protagonista principal, filha do inspetor Joseph Lestrange, é uma moça à frente de seu tempo, apesar dos dezenove anos, e uma vez que crescera acompanhando as investigações de seu pai, após o triste assassinato de sua mãe, há alguns anos, o desejo de tornar-se efetiva na profissão e contribuir para com a justiça só tem crescido. Por ser mulher, no entanto, acaba por ser subestimada, mas mesmo entre a incredulidade de muitos, ela continua a provar sua sagacidade e esperteza em decifrar os casos que chegam até ela, em especial, os bilhetes deixados pelo misterioso assassino em série que tem deixado todos em estado de alerta. Por si só, então, foi natural que eu realmente gostasse da personagem, pela sua presença ativa na trama e por enfrentar riscos e medos por aqueles que ama. Apesar da teimosia natural e gênio forte, no entanto, a personagem não perde a compostura da época e desenvolve-se muito bem no decorrer do enredo.

Assim como o próprio assassinato que, da mesma forma, surpreende e impacta o leitor pela forma direta e real como é mostrado, infeliz retrato de muitos outros crimes decorridos mesmo antes e depois de 1863. E, nesse caso em particular, confesso que procurei prestar muita atenção nos detalhes e tentei mesmo descobrir o assassino, juntamente com os personagens, a cada novo crime decorrido, mas, no entanto, qual foi a minha surpresa ao descobrir quem estava por trás de tamanha atrocidade ao fim da leitura? Sem dúvida nenhuma, a autora não apenas desenvolveu as pistas e evolução do caso, como também criou um enredo tão intrínseco e sutil que mesmo os personagens que mais se encaixam no possível perfil do assassino podem, apesar disso, não serem responsáveis por tal, e a surpresa é realmente significativa, mas não menos lógica e coerente.

“Tudo que era belo demais escondia um lado obscuro.”

Mas, apesar de todo esse enfoque policial, o romance também teve seus bons e surpreendentes momentos, bem como desenvolvimento. No decorrer da investigação, somos apresentados à personagens desde o tão sombrio Caçador, então responsável por eliminar muitos dos assassinos anteriores da cidade, sendo alvo fácil de críticas mistas de apoio e julgamento, até o galanteador duque de Walfair, Darren Carmichael, que apesar da inicial aversão provocada em Maryanne, ainda terá muitos suspiros a provocar no decorrer da trama, pelo seu jeito atencioso e cavalheiro tão característico da época e de seu título.

No fim das contas, porém, só fiquei um pouco reticente com o desfecho dado pela autora, que ao meu ver, soou um pouco abrupto demais, em um epílogo que não fez muita diferença na trama para mim, ou que poderia ter sido, ao menos, melhor finalizado, para não ficar com uma impressão de conclusão muito apressada. Mas, apesar disso, no geral, fico feliz em concluir que Horas Noturnas foi uma boa surpresa do segmento dos romances policiais, que também retrata a imprevisibilidade de muitos corações humanos, que por trás da aparente boa compostura, podem provar-se mais sombrios do que o esperado, e, portanto, devemos permanecer atentos. Sem dúvidas, uma leitura que definitivamente ganhou a minha atenção em seu decorrer e, por fim, surpreendeu-me com altos e baixos tão certeiros e bem desenvolvidos.

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