Título: O Garoto que Tinha Asas;
Trilogia: Encantados #2;
Autor(a): Raiza Varella;
Editora: Pandorga;
Número de Páginas: 408;
Ano de Lançamento: 2016.

Foto:
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Depois do conto de fadas protagonizado por Bárbara e Ian em O Garoto dos Olhos Azuis chegou a hora de conhecermos a história de outro casal encantado. Augusto Bittencourt, vulgo Monstro, é um renomado médico, dono de uma carreira sólida e do hábito de dispensar uma mulher atrás da outra sem piedade. Nunca se apaixonou e não acredita que um dia irá encontrar uma mulher interessante o suficiente para mudar esse fato. Mas o destino parecia pensar diferente, em uma madrugada fria ele presencia um terrível acidente de carro e conhece a garota sem nome. Uma garota que há muito tempo não sabe o que é ter um lar, se sentir segura e não precisar fugir de ninguém até que, em meio aos destroços, ela vê alguém correr em sua direção, um garoto que ela poderia jurar ter asas. Embora Augusto esteja muito longe de se parecer com um anjo, ele acaba por salvar a sua vida. Pela primeira vez, o médico de pouco humor e muito caráter terá que enfrentar e ir contra todos os seus princípios para cumprir uma promessa que não deveria ter feito e de quebra, quem sabe, se apaixonar. Em O Garoto que tinha Asas vamos descobrir se o príncipe encantado realmente vem montado em um cavalo branco ou se sua cor é o que menos importa em meio a uma singela releitura de A Bela e a Fera.

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Minha Opinião:

Há muito tempo eu ouvia elogios sobre os livros da Raiza Varella, até comprovar o motivo de tanto mérito quando li O Garoto dos Olhos Azuis. E depois de ser tão envolvida pela história e seus personagens, ao fim da leitura eu já estava ansiando pela sequência que não tardou a ter sua leitura feita também e, enfim, agora, vocês conferem a minha opinião sobre o segundo livro da trilogia Encantados, O Garoto que Tinha Asas. Passado o enfoque em Bárbara e Ian no primeiro livro, é a vez de Augusto, também conhecido pelo apelido familiar de Monstro, contar sua história juntamente com uma nova e recém-chegada personagem que luta para fugir de seu passado à todo custo, até, no entanto, sua vida ficar sob responsabilidade do médico e desencadear uma série de acontecimentos e descobertas que nenhum dos dois esperava ter de encarar tão cedo.

No segundo volume de sua trilogia de sucesso, Raiza Varella permanece com a escrita fluida de outrora, assumindo apenas um tom por vezes mais sério, mas não menos envolvente e leve em alguns momentos, como bem pedem os pontos de vista administrados principalmente por Augusto, o Monstro, e Anna, uma jovem recém-chegada de dezenove anos que até então seguia uma vida de constantes fugas juntamente com o pequeno Nick, seu filho, cujo motivo permanece à conhecimento apenas dela mesma. Após ser encurralada de novo por aquele de quem tanto foge, ela acaba entrando em uma fuga acirrada de carro que ocasiona em um acidente no qual ela acaba saindo gravemente ferida. Augusto, que observava tudo à distância, tomou uma atitude tão ágil quanto tudo aconteceu e na tentativa de resgatar a moça presa às ferragens do banco da frente, tem tempo de atender-lhe apenas uma única promessa antes que ela desmaie de vez: cuidar da vida dela no banco traseiro do automóvel. Nele, repousa o pequeno Nick, sem grandes ferimentos, e que acaba sob responsabilidade de Augusto quando, antes de desmaiar, Anna suplica que não conte sobre a existência do garoto para ninguém, nem mesmo os médicos ou a polícia.

“[...] não sei lidar com um monstro que solta fogo e, ao mesmo tempo, estende uma mão.”

Por mais que tivesse achado o acidente quase algo proposital, Augusto acaba atendendo ao pedido da garota e acolhe o garotinho de mais ou menos quatro anos, deixando-a sob o atendimento da emergência. Ele só não esperava que o mistério acerca dela fosse tão grande, uma vez que ninguém sabia quem ela era de verdade, até ter uma piora significativa ao saber que ela entrara em coma e não tinha qualquer previsão para acordar e, nem muito menos, de alta. É assim que, após as grosserias, irritações e insensibilidades constantes do rapaz no primeiro volume, teremos a chance de acompanhar as mudanças pelos quais o Monstro de outrora irá passar em O Garoto que Tinha Asas em um processo tanto de amadurecimento como, principalmente, de autoconhecimento, permitindo-se, enfim, sentir os novos sentimentos que afloram em seu interior, ao mesmo tempo em que passará a entender o peso e a importância que algumas pessoas simplesmente acabam por ganhar em nossa vida, quando menos esperamos.

“O mundo é um mar onde todos estão à deriva. Alguns carecem de atenção,  outros de afeto e muitos de amor, porém Anna carece de segurança. Ela se afoga constantemente incapaz de dar a quem quer que seja o benefício da dúvida, guarda sua confiança como um tesouro enterrado dentro de um baú. A chave? Ela jogou fora.”

Se eu já havia gostado muito do primeiro livro, essa sequência, então, me ganhou mais ainda! Fato é que o Ian havia me cativado demais, mas o Augusto acabou por conquistar-me ainda mais ao contar sua própria história, ao se abrir um pouco mais, mesmo à contragosto, e mostrar que, por trás da eventual ignorância e a falta de papas na língua, o Monstro da família Bittencourt tinha sentimentos e, mais ainda, um coração mesmo, coisa de que a Bárbara duvidada muito que ele tivesse. Mesmo nos momentos em que relutava em agir de uma forma mais positiva ou mesmo quando simplesmente esquecia-se disso e continuava do jeito carrancudo e nada amoroso de sempre, era notável a mudança do personagem acontecendo ali, nas entrelinhas, à medida que ele narrava a mudança que sua vida toma sem querer após se deparar com o acidente de Anna e acolher o pequeno Nicholas, que acaba se apegando à ele por mais que ele tente impor distância ao garoto e, quando menos espera, já está envolvido com ele também, numa relação que muito se assemelha a de um pai por um filho, por mais que Augusto negue ao máximo e vez ou outra ainda cometa alguns equívocos com o menino, parando, no entanto, para depois corrigir-se e se preocupando o tempo inteiro com ele também.

Devido ao coma em que caíra, passamos uma boa parte da leitura, inclusive, sem saber sobre o nome da garota desconhecida até que, enfim, ela acorda e revela-se como Anna. Dividida em um misto de agradecimento e repulsa por Augusto, ao ser tratada de uma forma um tanto quanto ignorante por ele à princípio, acaba por ser acolhida por ele na casa onde atualmente mora com Gustavo, uma vez que Augusto não se convence de que o acidente fora 'mero acidente' mesmo e esteja receoso de que, ao deixá-la ir com Nick, ela venha a se meter em uma encrenca ainda maior. Ele só não imaginava que pudesse acabar não apenas entrando como, ainda, envolvendo toda sua família e amigos mais íntimos nessa enrascada também, cuja dimensão, no entanto, ele não faz ideia já que Anna nega-se a falar à respeito. Nenhum deles faz ideia do passado conturbado e perigoso do qual a moça vem fugindo já tem uns bons anos, motivo que tanto os fazem temer a presença dela como, até, acolhê-la mais ainda ao perceber a insegurança constante de Anna, que até então tinha apenas o medo como sentimento que regia sua vida até ali, sempre em fuga, nunca se permitindo viver de verdade e, consequentemente, escondendo a personalidade doce, corajosa, amável e por vezes delicada que ela realmente tinha.

“O medo não era algo ruim, não por completo. Era ele quem me deixava mais esperta, mais ágil e concentrada. Meu medo era o meu combustível há tanto tempo que demorei a perceber que Augusto o tinha substituído por outro sentimento que também funcionava bem como arrimo de vida: o amor.”

Assim, é com relutância de ambas as partes que o romance vai se desenvolver, principalmente da parte de Augusto que mesmo quando se vê visivelmente mais protetor e sensível com relação à Anna, hesita muito em levar o romance à sério por simplesmente não saber como firmar e permanecer um compromisso de verdade, uma vez que seu histórico amoroso de outrora fora marcado apenas como o mulherengo que estava tão acostumado à ser, de forma que não pode prometer nada à ela, abalando ainda mais a confiança que ela começava a criar para com ele. É em meio à esses conflitos e incertezas que acabamos por ter, ainda a narração de Vivian, Bárbara e Ian durante três capítulos do livro, expondo o ponto de vista deles perante à situação inusitada e a espécie de mudança pela qual Augusto começa a passar. Mudança esta que, porém, é desacreditada por Bárbara, à princípio, que deixa claro que, apesar de amar muito o irmão, sabe bem dos defeitos dele e da falta de habilidade dele em assumir um relacionamento, coisa que Ian, pelo contrário, já se mostra bem mais crente nos novos sentimentos do amigo do que a moça.

“— Isso foi... — foi uma tentativa vergonhosa de mendigar o que não posso ter, mas não é isso que respondo. — só o seu irmão sendo o babaca de sempre e eu sendo uma carente.
— Ele não é muito de falar de sentimentos. — Como se não tivesse descoberto sozinha. [...]
— Tradução: Ele é um ogro — murmuro queimando a língua com o café.
— Olha pelo lado positivo, deu certo para a Fiona — Ela ri.
— Bárbara, Shrek era mais simpático que seu irmão, por isso deu certo.”

É assim que, mesmo mudando o enfoque principal, continuamos a rever o casal do livro anterior e, mais ainda, os demais ao seu redor, repetindo a dose de diversão e descontração que essa turma de personagens consegue proporcionar de forma tão palpável e única. O Garoto que Tinha Asas me levou a risos ainda mais espontâneos e frequentes do que o anterior, que já havia me divertido muito, por entre situações aparentemente cotidianas que ganham um tom completamente novo em meio às personalidades ativas, fortes e um tanto imprevisíveis e Bárbara e Vivian perante, mesmo, os próprios maridos que acabam sendo surpreendidos em alguns momentos e que levou-me aos risos quando eu menos esperava. No entanto, nem só de risos e suspiros são preenchidos os livros de Raiza Varella e a autora desenvolve essa sequência com uma veia de suspense em particular que muito me prendeu,  à medida que o mistério que acerca o passado de Anna retorna e, ao colocar toda a família em risco, a tensão começa a aumentar e cenas particulares de adrenalina se seguem juntamente com o enredo, mais acontecimentos intensos e reviravoltas inesperadas que acabam por abalar a estrutura não apenas de Augusto e Anna, como de todos os demais.

Enfim, O Garoto que Tinha Asas acaba por se concluir não apenas como uma ótima sequência para a trilogia Encantados como, principalmente, um prato cheio para os amantes de um bom romance com ótimos toques de comédia, temas familiares e mais um suspense pra lá de eletrizante que prende a atenção do leitor até a última palavra, tornando-se, então, o meu favorito da trilogia até agora, e fazendo-me ansiar mais ainda pelo desfecho que se dará em O Garoto que Eu Abandonei, com previsão de lançamento, inclusive, para esse mesmo mês de Maio em e-book na Amazon! Mais uma leitura recomendadíssima da autora, sem dúvida alguma!

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