Título: As Cores do Entardecer;
Autor(a): Julie Kibler;
Editora: Novo Conceito;
Número de Páginas: 352;
Ano de Lançamento: 2015.
Livro no Skoob


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A sonhadora Isabelle e o determinado Robert desejavam, com todas as suas forças, se entregar à paixão que os unia. Mas uma jovem branca e um rapaz negro não poderiam cometer tamanha ousadia em plena década de 30, em uma das regiões mais intolerantes dos Estados Unidos, sem pagar um preço muito alto.
Diante dos ouvidos atentos da cabeleireira Dorrie, a história do amor trágico e proibido se desdobra, enquanto mudanças profundas se instalam em sua própria vida.
Com personagens humanos e, por isso mesmo, memoráveis, As Cores do Entardecer mostra que as relações afetivas muitas vezes são mais profundas que os laços de sangue. A cada etapa da viagem de Isabelle e Dorrie, as lições sobre otimismo e fé se multiplicam.

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Minha Opinião:

Resenha originalmente escrita por mim para o blog Da Imaginação a Escrita - aqui.

Na Shalerville de 1939, a jovem Isabelle McAllister enfrenta o final de sua adolescência em meio a uma mãe controladora e obcecada em manter a imagem da família construída até então. Seus planos para a filha são claros e limitados, mas sem que ela saiba, esta acaba por envolver-se em um romance inesperado com o filho negro de uma das empregadas da família, Robert Prewitt. O desenrolar desse amor proibido culmina no Texas dos dias atuais, quando, aos quase noventa anos, Isabelle resolve partir em uma viagem inesperada tendo sua cabeleireira e amiga Dorrie como motorista. Na estrada, ela terá a oportunidade de, enfim, contar a história que guarda a sete chaves, e ainda que a história de Isabelle não possa ser modificada, talvez a de Dorrie ainda tenha solução.

Fato é que eu não esperava uma história bonitinha e certinha quando escolhi essa leitura. O próprio tema da história, racismo, e, mais ainda, o amor entre uma branca e um negro em tempos de tamanha segregação racial, é um assunto realmente delicado e mesmo entre as histórias com final feliz, é quase certo afirmar que a luta, até chegar à ele, foi real e talvez mesmo árdua. Dessa forma, eu já esperava me deparar com um drama nível Kristin Hannah, ou talvez mais do que isso, porque apesar de querer muito, a verdade é que mesmo na ficção o romance de Isabelle e Robert não seria fácil naquele período. Se mesmo hoje, em 2015, enfrentamos problemas com o preconceito, principalmente o racial, imagina nos EUA de 1939. Embora em alguns estados os negros tivessem certa liberdade, em casos como o de Shalerville a situação era absurda e angustiante, então, desde já, aviso, não esperem por uma história leve.

“Mas eu sabia o fim da história. Tinha visto as fotografias em sua casa. Era como um filme triste: você sabia o que ia acontecer, talvez até já tivesse visto umas cinco vezes – mas continuava torcendo para o fim ser diferente.”

No romance de estreia de Julie Kibler, temos os paralelos de duas histórias aparentemente diferentes, mas com suas semelhanças. Em capítulos alternados, seguimos com a Isabelle de dezessete anos ao descobrir-se apaixonada pelo irmão de uma de suas amigas e empregada, Nell, e logo depois seguimos sua versão já idosa acompanhando, de certa forma, o desenrolar da vida de Dorrie, uma cabeleireira negra que se esforça todos os dias para dar o melhor aos seus dois filhos depois de ter se separado do marido há alguns anos. A questão é que, cada uma a seu modo, tanto a jovem Isabelle como a Dorrie dos tempos atuais, passam por problemas e conflitos familiares distintos, mas ao mesmo tempo iguais.

Ainda assim, é visível a carga mais pesada vivida por Isabelle em sua juventude. Justamente por tratar-se de um romance proibido para o seu tempo e os padrões de sua família, do momento em que ela descobre-se apaixonada por Robert até realmente admiti-lo francamente para o rapaz temos algumas boas páginas de enredo, uma vez que não é uma situação fácil. Da mesma forma, porém, Robert se vê apaixonado por ela, e com a ajuda de Nell, eles tentam burlar a vigilância da mãe de Isabelle, até então sem desconfiar de qualquer coisa para com a filha. À medida que o romance se firma, porém, acompanhamos a história entre os suspiros e a angústia, sempre esperando pelo tão derradeiro momento em que as coisas possam dar errado. E numa situação como a deles, os riscos são altíssimos, sendo assim, eu sofri junto com a protagonista. Em especial por causa da mãe dela. A forma como a Sra. McAllister agia, em muitos momentos, deixou-me em choque e com nojo, na verdade, principalmente por saber que existem pessoas capazes de agir da mesma forma ou até pior do que ela fez, mas em um dado momento tudo o que senti por ela foi pena. Por se deixar ser tão fria, calculista, sem sentimentos mesmo para com a própria filha, e principalmente egoísta. Ainda assim, mesmo antes da Isabelle, ela já era vítima de si própria e de seu passado, e só lendo o livro para entender o porquê.

“— Lembre-se disto, Dorrie: tem homens que são má notícia. E tem homens que são bons. E eles já servem. Mas tem homens bons que você ama. Se encontrar um desses, melhor se agarrar a ele com todas as forças.”

Em paralelo, quando voltamos aos dias atuais, com Dorrie e Miss Isabelle, o foco muda momentaneamente, ainda que em capítulos mais curtos, mas não menos bem aprofundados à respeito da vida de Dorrie. Aos poucos, vamos conhecendo a personagem e percebendo seu valor crescente para a trama, servindo não apenas como uma ponte de ligação para Miss Isabelle relembrar seu passado, mas também sendo o seu único apoio 'familiar', ainda que elas não sejam parentes de verdade. Na estrada, entre as pausas da história de Miss Isabelle, conhecemos o quadro familiar de Dorrie e seus problemas; expectativas e decepções tidas ao longo da vida, desde uma mãe que não lhe dava atenção e trocava de namorados como quem troca de roupa até o seu presente momento com um filho adolescente que parece estar cometendo o mesmo equívoco dela há alguns anos. E por tratar-se de uma pessoa negra, não foram poucos os momentos de dúvida ou exclusão cometidos contra ela ou sua família em razão de sua cor. Quando ela contava à respeito de situações desse tipo no decorrer da leitura, eu só conseguia pensar que, de certa forma, ela ainda vivia um pouco - ou muito, às vezes -, do que fora pregado na época de Robert e Isabelle quando jovens, e estamos falando de o quê, século vinte e um? Nesses momentos eu não pude deixar de me decepcionar com o ser humano em geral por, muitas vezes, ainda permitir ou praticar preconceitos tão absurdos e infundados, mas são nessas horas da leitura em que paramos e percebemos o quão iguais, infelizmente, as histórias de Miss Isabelle e Dorrie são, em determinados pontos.

No fim das contas, foi impossível não me emocionar e me apegar à obra de estreia de Julie Kibler, que conseguiu ser certeira e direta, ainda que visivelmente sensível em alguns momentos, ao abordar tão sinceramente sobre uma temática que definitivamente não tem nada de batida, visto que, infelizmente, ainda é muito presente em nossa sociedade. É impossível ler o seu romance e não torcer por Isabelle e Robert, e quando o desfecho chega, sem quaisquer pontas soltas ou questionamentos restantes, as respostas são dadas com calma, no devido tempo, e por mais que não concordemos com muitas delas, é quando paramos para aceitar que 'ei, os personagens são humanos e têm decisões difíceis a tomar em momentos distintos, por vezes podem errar, a situação era realmente complicada'. E quando esse ciclo se fecha na narrativa, é a vez de Dorrie ter sua palavra final no enredo, e percebemos que, de certa forma, a história de Miss Isabelle acaba por influenciá-la perante os dilemas que ela própria estava enfrentando naquele momento, e fica claro que, senão para ser um exemplo bonitinho de romance, a história dessa então senhora mostrou-se, no fim, como um apoio àquela que tanto a apoiou no presente. Sem mais delongas, só posso concluir que As Cores do Entardecer é uma história que me marcou muito e que eu espero de verdade que muitas outras pessoas mais possam dar uma chance e viver, mesmo que por alguns instantes, uma história tão intensa e bonita como a retratada por Kibler.

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Um Comentário

  1. Oi, Sâmmy! Tudo bem? Ahhh essas leituras que nos marcam são as melhores, né? Ainda não conhecia esse livro, mas confesso que fiquei bem curioso para lê-lo! :) Adorei a resenha! <3

    Abraço

    http://tonylucasblog.blogspot.com.br/

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