Título: Outubro;
Autor(a): Kamile Girão;
Editora: (Publicação Independente);
Número de Páginas: 236;
Ano de Lançamento: 2014 [segunda edição].
Livro no Skoob


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"Você sabe o por quê das folhas caírem no Outono?" Shau desconhecia a resposta para aquela pergunta - até conhecer Kaero Morgan. E, naquele outubro de 2004, ele encontrou, no auditório da escola, aquela que lhe mostraria não apenas a razão pela qual as folhas abandonam suas árvores durante a estação que precede o inverno, mas que, também, ensinaria o rapaz de roupas largadas e desânimo constante a virar um homem. Outubro, 2013. Para Felipe Alves, seria somente mais um dia de árduo trabalho no hospital. Contudo, ao entrar no quarto 706, o jovem enfermeiro percebeu que aquele não seria um mês comum. Após tantos anos, a vida finalmente lhe deu a chance de retificar os erros do passado e de livrar-se, finalmente, das folhas velhas que persistiam na árvore da sua vida.

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Minha Opinião: 

Duas palavras: controverso e instável.

O mês de Outubro ficou marcado na vida de dois jovens. De um lado, temos o jovem Shau, também conhecido como Felipe Alves, um típico adolescente despreocupado da vida, sem maiores objetivos para o seu futuro e problemas de sobra; do outro, Kaeron Morgan é uma jovem e encantadora pianista cujo rumo já foi traçado para após seu último ano de Ensino Médio. E, nesse meio tempo, essas duas pessoas totalmente diferentes se chocam e eles terão de enfrentar alguns dos dilemas mais complicados de suas vidas. E as consequências desse envolvimento inesperado vão continuar a reverberar em Outubro de 2013, quando, porém, eles terão uma chance de colocar um ponto final na história ou continuar a escrevê-la com vírgulas e reticências...

“Os momentos da nossa vida são como essas folhas. Elas nascem, perduram por um tempo e caem. Porém, outros virão. Sempre temos a chance de recomeçar do zero, de perder nossas folhas velhas e dar lugar às novas e mais belas. Temos a chance de esquecer os momentos ruins, de deixá-los serem levados pelo vento e dar origem a novos que serão melhores. E, aqueles que caíram e nos foram bons, a gente guarda no coração. As folhas velhas nunca voltam às árvores que as originou.”

Outubro foi mais uma daquelas leituras iniciadas de forma despretensiosa, sem que eu tivesse muitas expectativas, mas que, ao fim da leitura, me vi completamente admirada com a história. Foi impossível não me encantar com a narrativa bem desenvolvida e muitíssima bem escrita de Kamile Girão, ao passo que suas palavras, por mais diretas e intensas que fossem, também transmitiam uma doçura singular, e, mais ainda, não consegui me desprender da história de Kaero e Felipe um único instante. Passada a metade do livro, já ficava contando os minutos para retomar a leitura, a cada parada obrigatória do dia-a-dia, e concluo que, apesar de não ter sido uma leitura naturalmente cinco estrelas, foi uma leitura de máxima carga emocional que me surpreendeu totalmente.

“Ela não era mais velha do que ele – pelo menos, não parecia, visto que seu rosto ainda possuía traços joviais. Deveriam, até mesmo, serem da mesma idade. Todavia, sem sombra de dúvidas, aparentava estar a vários anos luz à sua frente.”

Até hoje, ao que me lembro bem até esse momento, nunca havia me deparado com personagens tão controversos e, bem, instáveis, como Kaero Morgan e Felipe Alves. Experimente juntar duas pessoas completamente diferentes, cuja única característica em comum, porém, é a instabilidade, e acrescente isso ao fato de suas respectivas histórias serem um tanto quanto complicadas, e estarem com um rumo traçado para lados opostos. Já deu pra imaginar a quantidade e a intensidade dos altos e baixos que essa história, esse romance, terá? Enquanto Kaero adora correr riscos e experimentar coisas novas, Shau ainda é um pouco relutante, pois ele já está acostumado com a 'normalidade' em que sua vida se encontra, mas seu interesse pela pianista é tamanho que ele vai passar a rever seus conceitos e, consequentemente, decidir-se por um (novo) rumo. Cada qual provoca alterações inesperadas e intensas na vida um do outro, e o mais legal - como também o mais chato da história - é que, no decorrer da imprevisibilidade da trama, você não sabe como tudo vai acabar. E é aí que você não consegue largar a leitura.

“- [...] Acho que não dá ir em frente se não arriscarmos um pouquinho.
- Acho que você arrisca até demais."

Mas, bem, como já disse no início da resenha, esta também trata-se de uma leitura controversa. Digo isso no que diz respeito, mais precisamente, aos personagens. Como já falei anteriormente, Kaero e Felipe são imprevisíveis e, como os humanos muito bem caracterizados e desenvolvidos, eles possuem seus típicos momentos de simplicidade, outros momentos de tensão extrema, e mais alguns, claro, de pura complexidade e misteriosidade. Em alguns momentos, tive uma certa hesitação ao me deparar com suas atitudes e pensamentos, e em alguns poucos isso chegou a me irritar. Porém... Kamile Girão expõe essas complexidades de uma forma tão natural e direta que, contrariando algumas situações similares em leituras anteriores, dessa vez eu acabei não me incomodando realmente. Era parte da característica de seus personagens, bem como, também, o responsável por elevar os acontecimentos marcantes da trama e fazer da história o que ela é. Ok, não estou dizendo que passei a simpatizar com personagens mais arredios e instáveis como Shau e Kaero são, mas, para o que a trama pedia, e até mesmo para suas próprias histórias nela, isso foi necessário. E, no fim das contas, acabou sendo um dos pontos altos do livro, pela forma como a autora equilibrou e levou tudo tão bem do início ao fim.

"- Não sente medo?
- Um pouco. Partidas são duras. Já parou para pensar na sensação de ir para bem longe e não ver mais, com frequência, pessoas que você ama?
- Já senti algo parecido – o sorriso de Shau esmoreceu. – Para ser sincero, sinto isso todos os dias.”

Só posso concluir que essa foi uma leitura inesperadamente encantadora e surpreendente. Sem maiores clichês, foi uma trama desenvolvida com firmeza e direção, que, apesar de incerta, desenvolveu uma história e, consequentemente, um romance, bem atípico mas igualmente bem-vindo! Sei que, porém, não falei muito sobre a trama em si, mas isso foi proposital. Acredito que fazer sua leitura sem maiores ideias do que está por vir só garantirá o seu sucesso - ao menos, assim espero... ;-)

2 Comentários

  1. Querida Sammy,
    passeando pelo Skoob, acabei me deparando com a sua resenha. Foi um verdadeiro presente para mim, e não conseguirei expressar minha gratidão da forma que desejo. Obrigada mesmo pela chance que você me deu e pelas palavras tão doces <3 É uma satisfação enorme saber que meu trabalho é bem recebido e causa todo esse avalanche de emoções nos leitores: é o tipo de coisa que faz tudo valer a pena.
    Beijos e mais beijos!

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  2. Eu gosto muito de romances, principalmente aqueles que eu não faço ideia do que acontecerá. Se o casal vai ficar junto ou não. Bom, parece ser muito bom, eu amei a capa. Vou anotar e ver se dá pra eu ler.
    Adorei o jeito como você faz resenhas, Sammy. Falar da história nunca é bom, porque a sinopse tá aí pra dizer o que acontece. Dizer o que a leitura faz com você e não como ela é em si é muito melhor.
    Amei a resenha. Você escreve muito bem também.
    photo-and-coffee.blogspot.com

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